Meio ambiente, sociedade e governança: a pauta ESG é tema de evento em FURNAS

Convidados trazem visão internacional e comentam experiências da Noruega e da Alemanha

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Em um evento híbrido, com plateia virtual e participantes presentes no Espaço Conexões, do edifício-sede Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, FURNAS debateu, na manhã desta quinta-feira, 28 de abril, um dos temas mais relevantes da atualidade: ESG, a sigla que representa, em inglês, Meio Ambiente, Sociedade e Governança. Com o título ESG: mito ou meta?, o evento contou com apresentações de dois palestrantes externos que agregaram uma visão global do tema: Ansgar Pinkowski, gerente de Inovação e Sustentabilidade da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, e Pilar Neves, gerente de Projetos na Innovation Norway Rio, agência de inovação da Noruega. O diretor de Gestão Corporativa, Pedro Brito, iniciou o debate dizendo que o conceito de ESG deve “estar presente na vida de cada um e já está no centro das atenções de FURNAS”.

No papel de moderadoras, Claudia Pocho e Erika Laun, do Departamento de Sustentabilidade da empresa, pontuaram que o tema ainda suscita muitas dúvidas: “Há quem questione se é mais um neologismo”, disse Erika, ao que Claudia acrescentou que a melhor compreensão para ESG seria a de “uma nova alavanca” para os processos sustentáveis.

Corroborando esta ideia, Ansgar Pinkowski e Pilar Neves explicaram que o conceito ESG vem a reforçar a importância da sustentabilidade e, ao definir critérios e métricas específicos para iniciativas ambientais, sociais e de governança, ajuda as empresas a atuar de forma sustentável ao mesmo tempo em que induz o mercado a exigir essa atuação.

“Na Europa, é discutida uma lei de proteção da cadeia de fornecimento que levará as empresas a exigirem de seus fornecedores o cumprimento de regras de ESG. Como as empresas são globais, aos poucos, isso será válido em todo o mundo”, comentou Ansgar.

Pilar contou que empresas norueguesas não focadas em ESG já não recebem apoio, recursos, financiamentos do governo. Questionada sobre o papel do Estado no impulso às condutas responsáveis, ela foi enfática: “Não acho que deva ser considerada uma missão exclusiva do Estado, mas ele deve impulsionar, sim, pois nada ocorre naturalmente”.

Para Ansgar, “hoje é necessário forçar, exigir o cumprimento de regras de ESG, mas, daqui a alguns anos, não nos lembraremos mais disso, já estará assimilado”.

Instigando o debate, o diretor Pedro Brito comentou que muitas empresas cumprem regras em seus países de origem, mas atuam de forma diferente em outros mercados – “exploram indevidamente a Amazônia, por exemplo”, mencionou. Pilar e Ansgar abordaram, então, os prejuízos de imagem corporativa no mundo globalizado: “A difusão de uma notícia que manche a imagem da empresa pode derrubar drasticamente o valor de suas ações”, comentou Ansgar.

Diversidade e inclusão

Durante o debate, os palestrantes destacaram a importância da diversidade e da inclusão. Ao falar sobre equidade de gênero, Pilar citou o exemplo da Noruega, onde é aplicada a licença parental, não específica para o pai ou para a mãe de um recém-nascido. “Mãe e pai são 100% remunerados por praticamente um ano, ou 80% por 59 semanas. O casal decide. As tarefas domésticas e do cuidado com o bebê acabam sendo divididas de forma mais justa”, pontuou.

Ansgar comentou de estudos da consultoria McKinsey & Company que comprovam serem mais produtivas as empresas que praticam a diversidade: “equipes plurais, com a presença de negros, mulheres, lgbts, portadores de necessidades especiais etc costumam ser mais criativas, mais inovadoras”, disse.

Descarbonização

Outro item da pauta ESG destacado pelos palestrantes foi a redução das emissões de CO2. “No mundo inteiro, as sociedades estão desenvolvendo estratégias para neutralizar emissões e a transição energética faz parte do programa de praticamente todas as empresas”, afirmou Ansgar.

Segundo ele, os europeus pretendem neutralizar suas emissões até 2050. Isso instigará países como o Brasil a envidarem esforços rumo à transição energética. Poderá, por exemplo, se tornar um exportador de hidrogênio – uma commodity sustentável.

Encerrando o evento, Pilar destacou que o S da sigla ESG merece atenção, pois “as questões estão todas interligadas” no âmbito da sociedade.

Para Ansgar, “as empresas, que hoje se preocupam em serem as melhores do mundo, devem se preocupar em serem as melhores para o mundo”.

 

Por: Luciana Ramos