FURNAS inicia debates sobre transição energética

No primeiro evento, palestrantes comentaram os compromissos internacionais com a questão climática e falaram sobre mercado de carbono

Publicado em:

Uma das pautas de maior relevância no mundo atualmente, a transição energética está sendo debatida em FURNAS em eventos híbridos, realizados no Espaço Conexões, do edifício-sede Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, sempre com transmissão ao vivo pela intranet. O primeiro encontro foi realizado nesta quinta-feira, 5 de maio, e contou com a participação de dois palestrantes externos: o engenheiro Roberto Musser, pesquisador e consultor de empresas nas áreas de sustentabilidade, inovação, eficiência energética, energias renováveis, entre outras; e Ronaldo Serôa da Motta, professor de Economia do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), consultor do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e ex-diretor de Políticas Ambientais do Ministério do Meio Ambiente.

Organizadora do evento, Claudia Pocho, do Departamento de Sustentabilidade de FURNAS, fez a abertura comentando que a transição energética é um tema para ser debatido não só no setor de energia, mas por toda a sociedade. Para conduzir o debate, ela convidou Lisângela Costa Reis, do mesmo departamento, e Eduardo Hatherly, do Departamento de Estudos e Gestão dos Meios Socioeconômico e Social.

A descarbonização esteve no foco das apresentações. Para colocar a questão no nível cotidiano, Roberto Musser mostrou o resultado do cálculo de sua própria “pegada de carbono”, feito por plataforma disponível na internet: 3,9 toneladas de CO2/ano. “Tomar banho, alimentar-se e locomover-se é o suficiente para se ter uma pegada de carbono. Viver já é um problema”, ironizou. Em seguida, ele comentou sobre a emissão de gases em larga escala, sobre a mobilização dos países para atender os objetivos definidos pela ONU e sobre novas tecnologias que favorecem a sustentabilidade. “Para reduzir as emissões são necessárias políticas que contemplem a eficiência energética”, defendeu, acrescentando: “O Estado cria as políticas, as empresas estipulam metas e métricas, e a sociedade, consciente, colabora”.

Descentralização e digitalização foram também apontadas pelo especialista como tendências no processo de transição energética. Como exemplo de descentralização, ele mencionou especificamente a geração distribuída de energia, que, no Brasil, “evoluiu muito nos últimos anos, forçando uma ampla reconfiguração do setor elétrico”.

Para Ronaldo Serôa, a pandemia de Covid-19 foi um fator de aceleração na tomada de consciência pelo setor privado em relação à necessidade de descabonização. “Muitas empresas com cadeia produtiva internacional apresentaram compromissos net zero desde então”. Segundo o professor, isso teria desencadeado movimentos para a regulamentação do assunto. “É preciso garantir que as ações das empresas são efetivas, que há materialidade, que não se trata de greenwashing (mera propaganda de sustentabilidade, sem ação efetiva). Para tanto, cada vez mais são exigidas as comprovações e crescem os mercados de carbono”.

O mercado voluntário de carbono, de acordo com Serôa, triplicou nos últimos três anos. “O Brasil tem 7% do comércio de créditos de carbono e potencial para uma participação bem maior. Temos muita área degradada para recuperar, podemos reduzir o desmatamento e isso tudo pode ser financiado”. Serôa comentou sobre o compromisso estipulado para empresas aéreas com rotas internacionais de zerar emissões de carbono até 2030: “após 2024, os critérios serão mandatórios”, informou.

Sobre os mercados regulados (por governos), Serôa contou que movimentam, atualmente, US$ 45 bilhões, e cobrem 22% das emissões globais de CO2. No Brasil, segundo o especialista, há algumas iniciativas para regulação, como o PL 2148/2015. “Mas aqui não precisamos ser tão ousados como a Europa, que quer reduzir suas emissões em 55% até 2030, pois já somos um país de baixo carbono”, ponderou.

Ao fim do evento, os palestrantes destacaram aspectos que mostram que o Brasil está num bom caminho. “A eficiência energética agora faz parte do Plano Decenal de Energia”, lembrou Musser. “Quando vemos a geração distribuída crescer cinco vezes e a autoprodução quadruplicar, temos uma prova cabal da transição energética”, concluiu Serôa.

O debate do dia 5 de maio está disponível nos links seguintes: 

Stream: https://web.microsoftstream.com/video/db7277dd-2b1c-427b-aabd-79665059f21a  

YouTube: https://youtu.be/uKtnwnRLVEs 

O próximo evento sobre o tema (com o título "Sustentabilidade: Transição Energética 2") será realizado em 10 de maio, quinta feira, e pode ser assistido nas plataformas seguintes:

Teams:https://teams.microsoft.com/l/meetup-join/19%3ameeting_NjI5NmQzZjYtZDgzZC00ODJkLTg2M2QtYWUxN2RhOTI5YmY3%40thread.v2/0?context=%7b%22Tid%22%3a%22c988aed1-897c-44cc-8a88-258499c7a3ee%22%2c%22Oid%22%3a%22952a6e96-5297-4f46-9b95-aba9f8e3ad94%22%2c%22IsBroadcastMeeting%22%3atrue%7d

Stream: https://web.microsoftstream.com/video/db7277dd-2b1c-427b-aabd-79665059f21a

Youtube: https://youtu.be/uKtnwnRLVEs

 

Por: Luciana Ramos