Água: preservar para não faltar

Publicado em:


FURNAS promoveu na última sexta-feira (22/3) um ciclo de palestras em alusão ao Dia Mundial da Água. O encontro ocorreu na sede da empresa e contou com a participação de técnicos da Superintendência de Gestão Ambiental e Fundiária, da Eletrobras e do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sávio Freire Bruno.

Letícia Costa Manna Leite, superintendente de Gestão Ambiental e Fundiária, abriu o evento agradecendo a presença de todos e o apoio do superintendente de Empreendimentos de Geração, Rodrigo Junqueira Calixto. Ela ressaltou que a data chega acompanhada de várias conquistas e convidou a todos a refletirem sobre "como nossas ações estão impactando o meio ambiente e o que podemos fazer para minimizar esses efeitos".

Tatiana Correa Ferreira Stutz, da Gerência de Estudos e Integração Ambiental e Fundiária, falou sobre o Nascentes de Furnas, projeto desenvolvido em parceria com as comunidades lindeiras e prefeituras para a recuperação das matas ciliares do entorno do reservatório da UHE FURNAS (MG). "O trabalho abrange 400 nascentes, contempla uma área total de plantio de mudas de 50,4 hectares, considerando um raio de 20 metros no entorno de cada nascente", explicou. A iniciativa já recuperou 150 nascentes em 15 municípios e a previsão é que até o final do primeiro semestre deste ano, sejam atendidas mais oito localidades.

Sávio Freire Bruno, professor da Universidade Federal Fluminense, falou da importância do pato mergulhão num projeto desenvolvido na Serra da Canastra (MG), por onde passa o rio São Francisco: "Suas águas banham mais de 520 cidades e esta ave é reconhecida como um 'bioindicador'. Ele é o primeiro animal a desaparecer quando ocorre alguma alteração na qualidade da água", revelou. 

O tema Migração dos peixes e o sistema de transposição da UHE Anta (MG/RJ) exposto por Felipe Viana Manzano, da Gerência de Gestão do Meio Físico-Biótico (GGB.E), abordou as questões envolvendo a migração dos peixes e a importância do ciclo hidrológico. "Esse fluxo pode ser interrompido por fatores como barreiras hidráulicas; características químicas (contaminação), comportamentais (encontro de águas claras e escuras), artificiais (interrupção do fluxo do rio para construção de barreiras), entre outros". Manzano destacou os mecanismos aplicados para facilitar a passagem de peixes por estruturas artificiais que barram os rios como rampas, elevadores, entre outros. Citou o exemplo da escada de peixes da UHE Anta que garante a passagem de peixes migradores que sobem para a cabeceira dos rios para se reproduzirem durante a piracema. "Esses sistemas são monitorados 24 horas, em tempo real, e é possível acompanhar as informações até daqui do Escritório Central".  

Durante a palestra Projeto APA Capivari Monos – Saneamento, Beatriz Rodrigues Garboggini, da Gerência de Gestão dos Meios SocioEconômico e Cultura, explicou que FURNAS e Walm Engenharia e Tecnologia Ambiental, empresa de prestação de serviços e projetos nos segmentos de engenharia ambiental e saneamento básico, sediada em São Paulo, desenvolveram ações de Educação Ambiental naquela área (São Paulo) entre 2015 e 2017. "A iniciativa visou habilitar os agentes de saúde na área de saneamento, utilizando tecnologias alternativas de tratamento de afluentes, manejo de água e resíduos domésticos", explicou. Beatriz relatou que foi atualizado o diagnóstico do plano de manejo, realizados encontros, visitas técnicas, mapeamentos e "elencado propostas objetivando um mutirão para a construção de uma unidade demonstrativa em cada uma das nove Unidades Básicas de Saúde (Barragem, Colônia, Dom Luciano Bergamini, Jardim das Fontes, Jardim Embura, Jardim Silveira, Marsilac, Nova América e Vargem Grande)".

"Atualmente, em torno de 30% da água tratada é desperdiçada por problemas de infraestrutura; 20% da população brasileira ainda não é atendida com abastecimento de água; 50% não é servida por esgotamento sanitário; e estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta não dispõe de 20 litros de água por dia a uma distância inferior a um quilômetro. Muito ainda precisa ser feito para se atingir o 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos", alertou Tiago Chagas de Oliveira Tourinho (GGB.E), em sua palestra intitulada Quadro atual do saneamento no Brasil.

Ele citou algumas iniciativas de FURNAS para combater o desperdício de água: "Na Subestação de Jacarepaguá (RJ), por exemplo, a água descartada pelos aparelhos de ar condicionado é reaproveitada nos banheiros e a água da chuva coletada no subsolo da sala de cabos é armazenada e bombeada para o sistema. Em seis meses, foram economizados quase 115 mil litros de água". Tijuco Preto, subestação localizada no estado de São Paulo, também cumpre seu papel em relação às águas pluviais. Lá foi construído um reservatório utilizando bases de concreto, tanques e tubulações desativadas. "Foram utilizados 530 m³ dos dois reservatórios de captação, economizando a água tratada dos poços artesianos", contou.

Paulo Roberto Hall Brum (GGB.E) apresentou a solução criada pelos técnicos de FURNAS para a mitigação do impacto ambiental decorrente da implantação do AHE Simplício (MG/RJ): os diques ambientais Alga 1 e Alga 2. "A introdução desses diques preservam a qualidade da água de dois extensos braços do reservatório de Louriçal, que juntamente com outros quatro intermediários – Tocaia, Calçado, Antonina e Peixe -, e juntamente com Anta, compõem toda a área inundada do empreendimento". Paulo explicou que o arranjo "impede que as águas do rio Paraíba do Sul contaminem as dos córregos da região". 

A Lei de Recursos Hídricos n° 9433, de 8 de janeiro de 1997, e o Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, Guarda e Guandu-Mirim foram os destaques da palestra de Sabina Campagnani (GGB.E). O comitê, sediado em Seropédica, na Baixada Fluminense (RJ), visa promover a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos na bacia hidrográfica. A área de atuação do Comitê engloba as bacias dos rios Guandu (1.385 km²), da Guarda (346 km²) e Guandu Mirim (190 km²), totalizando uma área de drenagem de 1.921 km². A área representa cerca de 70% da área total da bacia hidrográfica contribuinte à Baia de Sepetiba. Essa região hidrográfica envolve o território de 15 municípios fluminenses: Itaguaí, Seropédica, Queimados, Japeri, Paracambi, Engenheiro Paulo de Frontin (totalmente abrangidos), além de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Miguel Pereira, Vassouras, Piraí, Rio Claro, Mangaratiba, Mendes e Barra do Piraí (parcialmente abrangidos).

Em sua apresentação, Sabina chamou atenção para alguns dados alarmantes: "A terra só possui 3% de água doce e desse total, somente 0,007% está disponível para consumo humano. Os outros 97% são provenientes dos mares. Além disso, 70% da água usada no planeta é destinada à agricultura".

Ao final do encontro ficou o alerta: a água é um bem de todos que precisa ser pensado, tratado e preservado para a continuidade da vida do planeta. 
 

Por: Magda Nunes Rocha