Olimpíada da Inovação


Projetos criados por colaboradores de Furnas serão  preparados para chegar ao mercado


A Olimpíada Nacional de Inovação Eletrobras, expansão da metodologia Inova Furnas para oito empresas do Grupo Eletrobras, encerrou a sua primeira edição em 2021 com um saldo de muitas ideias geradas, um engajamento potencializado entre os times na direção da inovação e a certeza de que a aposta no intraempreendedorismo ainda trará muitos resultados para a companhia.

Foram 198 colaboradores inscritos, 40 selecionados, dez líderes na disputa final e quatro projetos vencedores. Juntas, as iniciativas vencedoras da competição de intraempreendedorismo têm um valor estimado de até R$ 20 milhões. Entre elas está uma plataforma de gamificação que estimula o reconhecimento do trabalho realizado pelos colegas, uma solução que prevê a produção de hidrogênio verde para ajudar a despoluir as praias, uma vitrine virtual de soluções de P&D e uma ferramenta que integra e automatiza dados para facilitar a tomada de decisão.  

Tudo idealizado a partir da visão dos próprios colaboradores das  empresas do Grupo Eletrobras sobre os problemas e oportunidades identificados no dia a dia do trabalho. “Estamos criando uma jornada de intraempreendedorismo que vai desde a ideação até a oferta de uma espécie de aceleradora de projetos internos para a formação contínua de equipes e preparação para esses produtos chegarem ao mercado”, destaca o gerente de Desenvolvimento e Inovação de Capital Humano e líder de inovação aberta de Furnas, Thiago Peixoto.


Metodologia para apoiar a jornada intraempreendedora


O grande diferencial é que os participantes da Olimpíada Nacional de Inovação foram preparados para essa jornada de intraempreendedorismo. Eles receberam a formação em Design Thinking, Lean Startup e Psicologia da Inovação, em um modelo de bootcamp, que é um programa de ensino imersivo que foca nas habilidades para formar líderes de inovação mais rápido do que o ensino tradicional. O processo envolveu ainda a participação de seletivas, desenvolvimento e proposição de projetos.

Foram estruturados ciclos anuais de formação de grupos, que combinam metodologias de impacto de diversas áreas de conhecimento e que são aplicadas de forma totalmente prática (learn by doing). Isso permitiu que os colaboradores identificassem oportunidades internas e passassem por um processo de ressignificação pessoal e profissional.

“Esse engajamento foi bem-sucedido em função do trabalho de remapeamento cognitivo e da elevação da autoestima dos participantes, o que trouxe como resultado um fluxo contínuo de projetos de inovação. Esse enfoque é uma total quebra de paradigma para as empresas públicas”, acrescenta o gestor.


Laboratório de prototipagem


Cada uma das ideias está seguindo uma trilha construída pela empresa. Os integrantes dos quatro times vencedores passaram para a etapa do Laboratório de Prototipagem, um espaço de aprendizado acelerado em codificação visual de software e desenvolvimento de produto.

Resultado de uma atuação conjunta com empresas do mercado, como a GROW+, o projeto inédito surgiu para que programadores e especialistas ensinem os participantes a desenvolver os próprios produtos. “Os nossos inovadores encontravam muita dificuldade em implementar seus projetos de base tecnológica, pois precisavam entrar em uma fila de priorização da fábrica de software ou aguardar as diversas etapas de um processo de contratação. Com o Lab, resolvemos essa questão”, destaca Peixoto.

O primeiro ciclo no Laboratório de Prototipagem encerrou em fevereiro e agora os inovadores da Eletrobras serão preparados para testar os seus produtos no mercado de energia e, depois, oferecê-los ao mercado em geral.


Jornada do Empreendedor


A etapa seguinte é Jornada do Empreendedor, que convida os intraempreendedores a pensarem de que forma o negócio será capaz de receber o aporte de investidores, passando por todo processo de aprendizado e aceleração das startups.

“A nossa ideia é que, ao final do programa, essas iniciativas criadas pelos colaboradores se tornem empresas estruturadas, com todos os caminhos para a validação no mercado, projeções financeiras e os planos de crescimento”, explica João Braga, CEO da Booming, empresa parceira nessa fase.

Segundo ele, o desafio vai muito além de conduzir o processo de intraempreendedores em uma sociedade de capital misto – algo que vê como incomum no Brasil e completamente diferente dos programas de inovação conhecidos e já praticados por empresas privadas. “O estímulo maior está na capacidade de ver uma nova forma de empreendedorismo, onde todos estão ativamente envolvidos na criação de novas soluções”, ressalta.

“É um processo de endostartup, ou seja, de converter um intraempreendedor que surge com uma ideia, materializa sua solução em uma proposta durante a Olímpiada, prototipa essa proposta em um projeto e depois cresce para a jornada empreendedora para avaliar a possibilidade disso se tornar um negócio”, conclui Peixoto.


A origem da Olimpíada


A Olimpíada Inovação Eletrobras nasceu a partir da experiência de sucesso da execução de seis ciclos do programa Inova Furnas, que formou 75 multiplicadores, recebeu um total de 565 propostas de ideias. Foram dezenas de projetos implementados que, juntos, somaram até junho de 2020 R$ 5,1 milhões em benefício para a Eletrobras Furnas.

Em razão do distanciamento social provocado pela pandemia da Covid-19, o projeto precisou ser adaptado para um formato 100% digital. E foi daí que surgiu a proposta inovadora da abrir as inscrições para todos os colaboradores das empresas da Eletrobras, dando origem à Olimpíada Nacional de Inovação Eletrobras, em outubro de 2020.


Conheça os quatro grupos vencedores da Olimpíada Nacional de Inovação Eletrobras


Projeto prevê produção de hidrogênio verde para ajudar a despoluir praias do litoral brasileiro
 

Eletrolisadores, onde se inicia a produção do H2 Verde nas usinas de Angra dos Reis

Criar as condições necessárias para a produção do hidrogênio verde ao longo da costa litorânea brasileira, utilizando-se do processo de eletrólise da água do mar, é um das metas do projeto criado pelo time de colaboradores das empresas do grupo Eletrobras que foram premiados com medalha de ouro na Olimpíada de Inovação.

“É uma alternativa inteligente de utilizar a energia elétrica abundante da região Nordeste do Brasil e proveniente de fontes renováveis, como geração eólica e solar, para descarbonizar a matriz energética e contribuir para a sustentabilidade do planeta”, explica o engenheiro de Projetos do Departamento de Engenharia de Sistemas e Controle do Reator da Eletronuclear, Nelri Ferreira Leite.

Batizada de Hidrogênio Verde, a iniciativa prevê também a implementação de uma planta modelo de geração de H2 na Eletronuclear, que faz parte do grupo Eletrobras, para o aproveitamento do excedente de hidrogênio com alto grau de pureza.

A Eletronuclear produz atualmente 70 Nm³ por hora de hidrogênio, o que equivale a uma produção sete vezes maior que a quantidade de H2 produzida no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). Nos últimos 20 anos, nas Usinas Nucleares de Angra, por exemplo, já foram desperdiçados mais de R$ 20 milhões com hidrogênio sendo  liberado diretamente na atmosfera.

“A nossa ideia inicial é, através de um sistema de beneficiamento, fazer um aproveitamento desse hidrogênio contribuindo para a descarbonização da atmosfera e a despoluição das praias litorâneas e do ambiente marinho”, explica Juliana Oliveira.

O projeto também prevê utilizar o escoamento da produção na validação da tecnologia do hidrogênio verde para o uso em transportes veiculares, geração de energia distribuída em células a combustível (CaC) e armazenagem em sistemas eficientes.

O time

  • Luiz Fernando da Costa Cunha (Furnas)
  • Juliana de Souza Oliveira (Eletronuclear)
  • Junior Passarelli Antunes (Eletronorte)
  • Nelri Ferreira Leite (Eletronuclear)


Plataforma estimula feedbacks positivos para os colaboradores
 


Comentários recebidos podem ser endossados com uma “curtida”

Atento para saber como poderia contribuir com as inovações do ambiente de trabalho, o Grupo Valorize e Se identificou, a partir dos resultados da Pesquisa de Transformação Cultural 2020, que muitos colaboradores da Eletrobras não se sentiam reconhecidos em suas tarefas.

Foi então que os integrantes viram uma grande oportunidade para desenvolver uma solução inovadora, capaz de despertar o sentimento de valorização e de pertencimento das pessoas. O foco era criar algo que transmitisse energia positiva, além de estimular um ambiente de trabalho saudável.

Inspirados no feed das redes sociais, como Instagram, eles criaram uma plataforma digital de distribuição de elogios entre os colegas, supervisores e gestores, em reconhecimento ao trabalho prestado por seu colega. Tudo sem restrição entre equipes e níveis hierárquicos.

Mas não é só isso. Cada comentário positivo/elogio se reverte na doação de pontos. “É um projeto de gamificação, em que cada colaborador recebe mil pontos para doar. Quando eu elogio alguém, doo parte dos meus pontos para essa pessoa – quanto mais pontos o colaborador receber, mais chances de ser premiado”, explica Maria Cecília Siqueira, administradora da área de gestão de pessoas na Chesf.

Cada colaborador escolhe se deseja tornar visível o comentário que recebeu, e eles podem ser endossados com uma “curtida” pelos demais profissionais. Ao final de quatro meses, a ideia é realizar premiações para os três colaboradores mais pontuados, por diretoria. Eles poderão reverter os pontos em cursos, um final de semana com a família em um hotel ou ingressos para teatro, por exemplo.

O próximo passo será testar o projeto piloto com um grupo de colaboradores da Chesf e da Eletronorte, empresas das quais os integrantes do time fazem parte. Para isso, ainda será necessário o desenvolvimento de um sistema que simule a plataforma de pontos.

O time

  • Maria Cecília Sotero Siqueira (Chesf)
  • Daniella Nadler da Silva (Chesf/Eletrobras)
  • Fernanda Rocha Gomes de Brito (Eletronorte)
  • Renato Antônio de Oliveira (Eletronorte)


Grupo cria hub de conexão e vitrine virtual de soluções de P&D
 


Protótipo da plataforma InovaPlace, projeto dos colaboradores da Eletrobras

A Eletrobras investe cerca de R$ 320 milhões com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) todos os anos. O resultado disso são produtos e soluções de alta tecnologia e performance, mas que, muitas vezes, ficam restritos apenas à empresa que demandou o projeto.

Mas, e se fosse criado um hub digital para a exposição desses produtos para fomento de negócios, onde tudo que foi gerado a partir da inteligência dos times ficasse a disposição para ser adquirido?

Foi pensando nisso que surgiu o InovaPlace, uma plataforma web que funciona como um hub de soluções tecnológicas (softwares e hardwares) acessível a todos os players do mercado. “A nossa meta é dar visibilidade e monetizar produtos tecnológicos maduros, que solucionam dores importantes dentro do grupo Eletrobras, e exportá-los para todo o setor elétrico brasileiro. Nosso projeto é ambicioso”, afirma Elber Vidigal Bendinelli, pesquisador no Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e um dos idealizadores do projeto.

A solução vai utilizar uma escala Technology Readiness Level (TRL), criada pela Nasa, para classificar e identificar o grau de maturidade tecnológica dos produtos que irão ingressar na plataforma. "A versão da escala TRL presente na plataforma foi customizada e automatizada por nós, através de programação avançada, com perguntas e evidências cuidadosamente mapeadas. Tudo para que possamos classificar com precisão a maturidade dos produtos”, explica Bendinelli. Segundo ele, não faria sentido uma classificação manual, em tabelas ou em Excel, de produtos com tanta tecnologia embarcada. 

Os desenvolvedores dos produtos e gerentes de P&D+I que desejarem vender, licenciar ou transferir produtos tecnológicos devem procurar a plataforma para conectar-se aos interessados em adquirir sua solução para usar na sua empresa ou até mesmo para quem deseja vender e representar essa solução ao mercado.

Bendinelli explica que a próxima etapa do projeto, que está bem avançado, será preparar a plataforma para se tornar uma empresa. “Já passamos pelo laboratório de prototipagem e agora o próximo passo é a construção do negócio. Estamos recebendo treinamento para definirmos qual o melhor modelo de negócios para a plataforma operar no mercado e o sistema de monetização que usaremos”, afirma o pesquisador. 

Ele comenta com alegria a chance de participar da Olimpíada de Inovação. “Certamente foi um marco na minha carreira. Eu estava acostumado a realizar alguns processos sempre da mesma forma, seguindo uma rotina. O aprendizado do design thinking e lean startup abriu novos horizontes no meu pensamento e na minha forma de atuar na Cepel”, conta.

O time

  • Arthur de Castro Ribeiro (Cepel)
  • Elber Vidigal Bendinelli (Cepel)
  • Isaac Lima Cardoso do Nascimento (Cepel)
  • Juan Ignácio Patrício Rossi Gonzalez (Cepel)


Ferramenta integra e automatiza dados para facilitar tomada de decisão
 


Ferramenta Webvai reúne todos os materiais já existentes através de um Enterprise Data Hub

A identificação de um problema comum a todas as empresas da Eletrobras levou a uma solução criativa do grupo formado por André Quadros, Oscar Antônio Solano Rueda, Carolina Ornelas, Edgar dos Reis e Roberto Moraes.

Eles perceberam, no dia a dia do trabalho, que dados importantes que apoiam a tomada de decisão da empresa estão distribuídos em diferentes fontes de dados, como software SAP, planilhas Excel e bancos de dados extras.

A consequência disso é que nem sempre as informações estão disponíveis no instante necessário. Cientes da visão de que as empresas, cada vez mais, tendem a tomar suas decisões orientadas por dados, eles idealizaram um modelo de integração das diferentes fontes de dados.

“O nosso projeto propõe uma ferramenta web que reúna todos os materiais já existentes através de um Enterprise Data Hub. A meta é entregar insights para apoiar a tomada de decisão através automação de processos internos, construção de dashboards e aplicação de Inteligência Artificial sobre os dados das empresas Eletrobras”, explica André Quadros, o idealizador da iniciativa.

O programa, além de facilitar a busca pela informação, permite a transformação destes dados em formatos padronizados, de modo que sejam apresentados em dashboards de forma analítica. “A nossa projeção é que a automação desse processo será capaz de reduzir de 80 a 160 horas de trabalho por trimestre, gerando uma economia que pode chegar a R$ 1 milhão por ano pra empresas do grupo só nos processos de avaliação do desempenho dos indicadores”, relata Quadros.

Em uma visão de médio e longo prazo, o objetivo do projeto é implementar dentro da empresa todas as quatro análises de Business Analytics, que são: Análise Descritiva, Análise Diagnóstica, Análise Preditiva e Análise Prescritiva. A solução proposta utiliza ferramentas de desenvolvimento da web como C#, HTML, CSS e Javascript, além de algoritmos de Machine Learning e Inteligência Artificial desenvolvidos em Python.

O time

  • André Quadros (Cepel)
  • Carolina Ornelas (Furnas)
  • Edgar Reis (Chesf)
  • Oscar Solano (Cepel)
  • Roberto Moraes (Chesf)


Os dez projetos finalistas


1. Geração de hidrogênio verde em Angra dos Reis

Nelri Ferreira Leite, Juliana de Souza Oliveira e Junior Passarelli Antunes, da Eletronorte, e Luiz Fernando da Costa Cunha (Furnas)


2. Metodologia de aceleração e monetização de produtos tecnológicos desenvolvidos dentro das empresas Eletrobras

Elber Vidigal Bendinelli, Juan Ignácio Patrício Rossi Gonzalez e Isaac Lima Cardoso do Nascimento, da Cepel, e Darilena Porfirio (Eletronorte)


3. Valorize e SE

Maria Cecilia Sotero Siqueira (Chesf), Daniella Nadler da Silva (Eletrobras) e Fernanda Rocha Gomes de Brito e Renato Antonio de Oliveira, da Eletronorte


4. Casa Arrumada

Raphael Rocha Lemos, Delirose Ramos e Luiz Gustavo Costa, de Furnas


5. Sistema de Business Analytics para apoio à gestão e à tomada de decisão

André Quadros e Oscar Solano (Cepel), Carolina Ornelas (Furnas) e Edgar Reis (Chesf)


6. Sistema inteligente para economia de energia

Felipe Jaber (Eletrobras), Clóvis Nicoleit (CGT Eletrosul), Henrique Batista (Amazonas GT) e Aliandro Almeida (Eletronorte)


7. Destinação de bens em desuso de forma ágil e consciente

Alexandre Oliveira Lima (Furnas), Fernanda Marriel Platino (Eletrobras) e Luís Mendes de Souza (CGT Eletrosul)


8. Comunidade O&M

Breno Jacó (Chesf), Camila Capobiango (Eletrobras), Luis Gustavo (Chesf) e Fabíola Pfeffer (Eletronorte)


9. Plataforma Sinapse: Promovendo conexões, aprimorando conhecimentos

Carolina Furukawa, Leandro Lopes, Livia Fernandes e Thiago Bisquolo, da Eletronuclear


10. BESTmarking

Aída Ribeiro (Eletronorte), Ana Paula Bressane e Katty Mehlan (CGT Eletrosul) e Roberto Moraes (CHESF)